Te gosto, você me gosta

terça-feira, 2 de setembro de 2008

"DAR PÉROLAS A PORCOS"


Por: Ribeira em Miramar

Descobri esta ribeira casualmente nas minhas deambulações pelas redondezes de Miramar. Resolvi encetar uma caminhada por uma das suas margens, até porque me pareceu estar preparada como zona pedonal. Não fiquei desiludido. De facto, a ribeira tinha aspecto de ter sido despoluída. As respectivas margens apresentavam-se muito limpas, não existiam plásticos agarrados aos arbustos, os agriões eram verdes e viçosos e até as rãs eram visíveis. Mas a minha admiração não se ficou por aqui. A uma distância razoável do início do meu percurso, (talvez cem metros) entrevi um departamento do ambiente da C. M. de Gaia, em edifício de construção recente. Naquele local ainda mais surpreendido fiquei porque, em pavimento devidamente preparado, encontrava-se um conjunto escultórico, que pelo seu tema e localização, muito admirei. Tratava-se de uns bronzes representando um pescador de “loura” acompanhado de uma criança, regressando da pesca, e munidos dos respectivos apetrechos. Aliás, no recinto existiam mais motivos em pequeno formato, tais como um menino a pescar, uma cegonha, e outros do mesmo material do principal. Aproveitei para fazer umas fotos e continuei o meu passeio admirando a água límpida e a vegetação tão luxuriante.

Meses mais tarde, já em fins de Outono, e porque passava perto, decidi voltar a visitar o sítio, desta feita para fotografar novamente as esculturas, dado que a iluminação era mais favorável do que na vez anterior. Foi uma desilusão completa. As águas límpidas estavam tingidas de vermelho, do grupo de esculturas já faltava uma, a cegonha, que tinha sinais de ter sido partida junto à base. Os funcionários do departamento do ambiente olhavam a ribeira com ar de desiludidos, agarrados aos telemóveis a ligarem não sei para quem. Pareceu-me que estavam a tentar detectar donde vinha a poluição. Em fim, depois de fazer os “bonecos”, vim embora chateado, e pensei logo num amigo meu que perante situações destas costuma dizer; “Fazer algo por este povo, muitas das vezes, é dar pérolas a porcos”.

Obs. Acho que os rios deviam ter o seu nome assinalados em placas, tal como as ruas, para que pudéssemos identificá-los. Assim saberia dizer o nome da referida ribeira.

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